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Final do 9502


Jéssica, Mariana e eu sempre voltamos do colégio de 9502. É muito bom porque pegamos o ônibus no ponto final, que fica dentro da UFMG mesmo, num lugar bem próximo ao COLTEC, onde estudamos.

Um dia, como de rotina, fomos pegar o ônibus para ir embora e enquanto ele não saía ficamos o esperando do lado de fora, conversando. A Jéssica reparou que tinham umas coisas estranhas que pareciam frutas numa das árvores próximas. Nenhuma de nós sabia o que era, e por isso ficamos bem curiosas. A Mariana e a Jéssica conhecem bastante alguns tipos de árvore e também o cheiro das frutas. Já eu, não sei identificar quase nada disso.

Acho que a Jéssica era a mais curiosa para saber que “fruta” era aquela. Inicialmente pensamos que deveria ser manga, porque de acordo com a Mariana aquela era uma árvore de manga. Mas era muito esquisita, não tínhamos certeza se era realmente uma manga. Aproximamo-nos mais da árvore, que era bem baixa. Mariana pegou uma folha e cheirou-a, e disse que era cheiro de mangueira mesmo, Jéssica concordou e eu não soube dizer.

Quando cheiramos a “fruta”, percebemos que ela não tinha cheiro de manga, mas tinha um cheiro muito ruim, um cheiro de gasolina. Isso tornou a fruta mais esquisita ainda, pois sua forma já era estranha, a folha tinha cheiro de folha de mangueira, mas a própria “fruta” tinha cheiro de gasolina!

Resolvemos levar uma para a casa, afinal poderia ser uma coisa gostosa e cara e a gente poderia ter de graça! Isso foi ideia da Jéssica, eu apenas concordei e só a Mari não pegou nenhuma. Quando fomos tirar as frutas da árvore, percebemos que elas foram penduradas lá, ou seja elas não eram fruto daquela árvore mesmo, mas alguém as colocou lá. Isso explicou o fato de elas não serem mangas mas estarem em mangueiras.

O ônibus ia sair, tínhamos que entrar. “Vocês vão levar as mangas mesmo?”, brincou o motorista, que tinha ficado o tempo todo prestando atenção na nossa conversa sem a gente perceber. Então perguntamos se eram mangas mesmo, mas ele não soube responder e disse que os meninos tinham colocado-as ali.

No caminho vi que minha mochila estava fedendo por causa daquela coisa. Elas insistiram que não estava fedendo. Eu teimei de cá e elas teimaram de lá, mas como eram duas contra uma, elas ganharam. Mas eu tinha certeza que estava fedendo.

Quando cheguei em casa meu pai não soube dizer o que era, mas o amigo dele, que também não sabia bem ao certo o que era disse que não era de comer. Fiquei um pouco decepcionada, mas tudo bem, eu só estava com medo de ser algo venenoso. Toda hora que meu primo colocava a mão nela eu lavava a mão dele.

No dia seguinte, a Jéssica confirmou que não era de comer e que sua mãe havia lhe dito o nome daquilo, mas ela tinha esquecido. Ela até abriu a coisa para saber como era, e era muito esquisito. Além disso a bolsa dela também ficou fedendo. Eu sabia que tinha razão!

Bom, não era de comer, então não serviu pra nada, mas pelo menos agora o motorista já nos conhece e nem precisamos dar sinal pra ele parar pra gente, já que algumas vezes, quando estamos chegando no ponto final o ônibus já está saindo. Ou melhor, isso aconteceu uma vez, mas o que garante que não vai acontecer sempre?


Letícia Fernandes Pereira

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